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Brasil confronta EUA na OMC
Com apoio do BRICS e UE, governo brasileiro critica tarifas dos EUA na OMC — em uma semana de impasse no Mercosul-UE, novidades no ComexVis e queda nos fretes.
🫵 Brasil critica tarifas dos EUA na OMC com apoio do Brics e da UE

Nesta quarta-feira (23), o Brasil criticou as tarifas impostas pelos EUA durante reunião do Conselho Geral da OMC, realizada em Genebra, na Suíça. Durante o encontro, o governo brasileiro incluiu na pauta o tema “Respeito ao sistema multilateral de comércio baseado em regras”.
O comunicado foi endossado por cerca de 40 membros da organização, incluindo China, Índia, Rússia, União Europeia, Canadá e Austrália.
A missão do Brasil classificou as tarifas norte-americanas como “arbitrárias”. Segundo o país, as medidas “violam princípios fundamentais da OMC, como a não discriminação e o tratamento de nação mais favorecida” e “comprometem a coerência jurídica e a previsibilidade do sistema multilateral de comércio”.
De acordo com o comunicado, essas ações “desestruturam cadeias globais de valor e podem lançar a economia mundial em uma espiral de estagnação e alta de preços”.
A delegação brasileira também afirmou que o uso de tarifas como forma de pressão geopolítica representa “uma mudança extremamente perigosa rumo à utilização de tarifas como ferramenta para interferir nos assuntos internos de terceiros países”.
Leia o comunicado na íntegra, aqui.
👀 Brasil nega reabrir debate do acordo entre Mercosul-UE
O Brasil comunicou à Comissão Europeia que não aceita reabrir o acordo Mercosul-UE, após uma exigência da França para obter outra salvaguarda para proteger seus agricultores.
A salvaguarda limitaria importações de carne, frango e açúcar do bloco sul-americano, por meio de um 'protocolo político’ adicional.
Embora a Comissão Europeia nunca tenha formalizado essa salvaguarda adicional, já foi informada da posição brasileira. Para o governo brasileiro, qualquer mudança nas regras equivaleria à reabertura do texto fechado em Montevidéu no fim de 2023, o que está fora de questão.
O acordo original já prevê acesso limitado a produtos sensíveis por meio de cotas graduais, além de cláusulas de salvaguarda em caso de aumento das importações que prejudique a indústria europeia, inclusive dentro das cotas.
Mesmo assim, a França mantém resistência. Primeiro ao usar o Acordo de Paris como argumento, agora apresentando novas exigências agrícolas. Internamente, setores do governo francês admitem os benefícios do acordo, mas Macron enfrenta pressões políticas e dificuldade para mudar de posição.
Uma fonte indica que os franceses poderiam tentar agora um compromisso entre eles com temas fora do acordo birregional.
A Alemanha, sob a liderança de Friedrich Merz, considera a implementação do acordo prioritária e discutirá o tema com Macron nesta semana, em Berlim.
Fontes acreditam que Macron poderá usar as críticas à recente aprovação de uma legislação ambiental no Brasil, classificada como um “desmonte” pela ministra Marina Silva, para adiar o acordo.
A questão é como os europeus poderão criticar uma decisão do Congresso brasileiro e, ao mesmo tempo, tentar fechar um acordo com os EUA, mesmo diante da irrelevância atribuída à pauta ambiental por Donald Trump.
De qualquer forma, a pressão pela definição cresce, já que a Comissão Europeia prometeu enviar o acordo ao Conselho até junho, o que ainda não ocorreu.
Especialista aponta que acordo Mercosul-UE é o mais importante do mundo hoje
O acordo entre Mercosul e União Europeia é considerado atualmente o mais importante do mundo, segundo o especialista Welber Barral, sócio da BMJ.
No entanto, ele considera que o caminho para sua implementação ainda é longo: é necessário a aprovação do Conselho Europeu, Parlamento Europeu e pelos parlamentos dos países do Mercosul, em meio à falta de consenso na Europa.
Entre outros acordos em andamento, Barral destaca o já assinado com o EFTA, que inclui Suíça e Noruega, importantes investidores no Mercosul.
As negociações com os Emirados Árabes tendem a ser mais ágeis, pois não enfrentam barreiras agrícolas, ao contrário das tratativas com o México, travadas pelo protecionismo do setor agrícola local, que enfrenta desafios de competitividade com Brasil e Argentina.
Barral também chama atenção para o risco de novas tarifas dos EUA, a partir de 1º de agosto, que pode afetar fortemente a indústria brasileira. Ele ressalta que, embora os demais acordos sejam relevantes, nenhum oferece no curto prazo um mercado comparável ao norte-americano.
📲 ComexVis ganha novas funcionalidades
A nova versão do ComexVis, plataforma de visualização de dados do comércio exterior, mantida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi liberada nesta quarta-feira (23).
Integrado ao ComexStat, o sistema traz cinco novas funcionalidades que tornam a consulta mais interativa e acessível, com destaque para gráficos com dados do último mês, séries históricas e melhor usabilidade em dispositivos móveis.
Criada em 2016, a ferramenta gratuita permite análise do comércio exterior brasileiro por país, blocos econômicos, estados, municípios e produtos.
Entre as novidades estão:
Exportações e importações mensais atualizadas;
Séries históricas mais longas por país e bloco, nas métricas de peso e valor;
Downloads de dados em formato aberto em cada gráfico;
Apresentação de gráficos mais dinâmicos e fluídos;
Impressões de gráficos de forma isolada e da página inteira;
Melhorias visuais e de navegação.
A Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, responsável pelas estatísticas oficiais de bens, irá apresentar um webinário aberto ao público em 12 de agosto, das 10h às 12h, para apresentar as atualizações do ComexVis e o funcionamento do ComexStat.
O link de inscrição será divulgado em breve pelas redes sociais do Mdic.
📉 Atualização semanal da Freightos: taxas transpacíficas
As tarifas de Trump estão se aproximando em agosto, em um cenário com pouco progresso nas negociações comerciais e aumento nas tensões dos EUA com o México e a União Europeia.
A janela para enviar contêineres que chegarão antes de agosto está fechada, e a demanda vem enfraquecendo desde então.
A maioria dos indicadores aponta que o pico da alta sazonal no transporte marítimo ocorreu mais cedo neste ano, impulsionado por embarques antecipados de grandes carregadores e pela postura cautelosa de importadores de menor porte, que enfrentam dificuldades para absorver os aumentos nas tarifas.
Esses fatores indicam que junho viu uma alta temporada de pico para reservas, e julho terá apenas um pico de chegada de contêineres nos EUA.
As taxas de frete também refletem essas tendências:
As tarifas spot para a costa oeste dos EUA caíram 60% desde meados de junho, para US$ 2.325/FEU, e os preços para a costa leste estão 40% abaixo do pico registrado no mesmo mês. Transportadoras estão anunciando viagens em branco para o restante de julho e agosto, na esperança de estabilizar a queda.
Na rota Ásia-Europa, a demanda da alta temporada elevou as taxas em mais de 50% desde maio, para uma média de US$ 3.572/FEU. Ainda assim, as tarifas estão 60% abaixo do registrado há um ano.
Já os fretes Ásia-Mediterrâneo, que subiram 20% desde maio, caíram 25% em relação à alta de junho, indicando um aumento do excesso de capacidade no mercado, mesmo com os desvios pelo Mar Vermelho.
No transporte aéreo, a estabilidade nas tarifas indica que não houve grande antecipação de carga antes do novo prazo tarifário dos EUA. As taxas de frete da Ásia para os EUA permanecem estáveis ou com leves quedas:
-7% para China-EUA;
-4% para o Sul da Ásia;
-2% nas rotas transatlânticas.
Essa estabilidade sugere que não houve um grande impulso para antecipar mercadorias por via aérea antes do prazo. Isso pode ser em vista de uma maior esperança por parte dos carregadores de que novos acordos serão concedidos, ou de que a maior parte do fornecimento já tenha sido antecipado durante a primeira pausa de 90 dias.
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