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Brasil: protegido demais para crescer?
Enquanto o Brasil mantém barreiras ao comércio, o ritmo de crescimento dos BRICS acelera, China volta às compras de soja brasileira e novos investimentos fortalecem a logística de escoamento no Centro-Oeste
📊 Um Gráfico
BRICS vs G7: comparando as previsões de crescimento do PIB para 2026
Enquanto você lê isso, dois blocos econômicos seguem em ritmos bem diferentes. Os onze países do BRICS devem crescer em média 3,8% em 2025 e 3,7% em 2026, enquanto o G7 projeta apenas 1% e 1,1% nos mesmos períodos.
Interessante observar como o gráfico mostra que, em média, o crescimento dos BRICS excederá as taxas do G7 em mais de três vezes, tanto em 2025 quanto em 2026.
A diferença fica ainda mais relevante quando olhamos os destaques:
A Índia lidera as projeções com 6,6% em 2025 e 6,2% em 2026, impulsionada por investimentos robustos e mudanças demográficas.
A China vem logo atrás com 4,8% em 2025, fortalecendo suas relações comerciais com Ásia, Europa e África.
Já a Alemanha, tradicional potência europeia, deve crescer apenas 0,2% em 2025, com recuperação para 0,9% em 2026.
E o Brasil? Por aqui, as projeções indicam crescimento de 2,4% em 2025 e 1,9% em 2026. São números modestos dentro do bloco BRICS, ficando abaixo da média do grupo, mas ainda superiores ao desempenho esperado para a maioria dos países do G7.
São dados que revelam uma transformação em curso: economias emergentes acelerando enquanto as tradicionais avançam com cautela.
O BRICS hoje representa metade da população mundial, e essas projeções sugerem que o mapa econômico internacional está sendo redesenhado bem diante dos nossos olhos.
🌱 Compradores chineses aumentam compras de soja brasileira com queda de preços
Importadores chineses de soja intensificaram as compras de cargas brasileiras nos últimos dias, após os preços sul-americanos caírem com expectativas de retomada das vendas americanas para a China, maior importador mundial de soja.
Compradores fecharam 20 cargas de soja brasileira – 10 para embarque em dezembro e 10 para março-julho – com preços sul-americanos agora cotados abaixo das ofertas de cargas americanas, segundo três traders.
A soja brasileira vinha sendo negociada a preços mais altos que os suprimentos americanos nas últimas semanas devido às altas tarifas chinesas sobre grãos dos EUA.
A mudança ocorreu após acordo comercial entre China e EUA. Pequim concordou em expandir o comércio agrícola com Washington depois que o presidente Donald Trump se reuniu com o líder chinês Xi Jinping na Coreia do Sul na semana passada.
Pelos termos do acordo, a China comprará pelo menos 12 milhões de toneladas métricas de soja americana nos dois últimos meses de 2025 e pelo menos 25 milhões de toneladas em cada um dos próximos três anos.
Agora o mercado aguarda anúncios das autoridades chinesas sobre potenciais reduções nas tarifas de importação sobre produtos agrícolas americanos.
Os grãos brasileiros para embarque em dezembro estão cotados com prêmio de US$ 2,25-2,30 sobre o contrato de janeiro da bolsa de Chicago, comparado a US$ 2,40 por bushel oferecidos para grãos americanos a serem embarcados da Costa do Golfo.
Os futuros de soja de Chicago subiram quase 1% na segunda-feira, atingindo alta de 15 meses com o retorno da China ao mercado americano.
🫧 Brasil está entre as economias mais fechadas do mundo

O Brasil figura entre as economias mais fechadas do planeta, com sua corrente comercial representando apenas 35,5% do PIB, bem abaixo da média mundial de 56,6%.
Na América do Sul, o país só perde para a Argentina (28,2%) nesse indicador.
Segundo dados da OMC, as tarifas de importação brasileiras estão entre as mais altas do G20, com taxa média de 12% para todos os produtos. Já a tarifa média consolidada (31,4%) é o limite imposto pela organização internacional a seus integrantes. Esse teto dá ao governo margem para elevar as taxas em determinados setores.
Essa flexibilidade cria uma insegurança regulatória para investidores e parceiros comerciais.
Quando considerada a média ponderada — que utiliza o peso dos acordos comerciais — o Brasil fica em segundo lugar no ranking mundial de tarifas, segundo dados do Banco Mundial de 2022.
Os setores mais protegidos são agricultura (17,8%), têxteis e vestuário (16%), calçados e couro (15,3%), automotivo e transporte (14,9%) e produtos químicos e plásticos (12,5%).
As tarifas brasileiras são o dobro das chilenas e superiores às de países emergentes como China, México e Rússia.
Segundo Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior e professor da FGV, o Brasil possui apenas 17 acordos comerciais (incluindo os do Mercosul), que representam somente 15,7% da corrente de comércio do país. Em comparação, no Chile essa participação é de 93%, no Peru 89,9% e no México 76,2%.
Os defensores das medidas de protecionismo argumentam que não se pode correr o risco de eliminar a produção nacional por causa da competição externa, ao custo do empobrecimento do país devido à perda da capacidade de produção.
Afirmam que o país ficaria mais vulnerável a situações adversas com a dependência de importações.
Mas a dose do remédio utilizado para proteger produtores nacionais pode ter provocado efeitos colaterais. Ao encarecer produtos e insumos importados, o Brasil gerou menor incentivo à competitividade das empresas.
O custo de produção é maior e o incentivo à busca de eficiência é menor.
Rafael Cagnin, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirma que a corrente comercial do Brasil é menor, na proporção do PIB, em relação a outros países, devido à dificuldade de acesso a mercados estrangeiros. “A gente deveria exportar mais do que exporta”, declara.
Cagnin afirma que as grandes potências têm se tornado mais protecionistas, o que dificulta a inserção das exportações brasileiras nesses mercados.
Para melhorar o ambiente de negócios e impulsionar as exportações, o especialista recomenda reduzir distorções tarifárias, estabelecer acordos bilaterais, diminuir o Custo Brasil, aprimorar a infraestrutura e aumentar as exportações de produtos com maior valor agregado.
🚢 Empresa investe R$ 1,5 bilhão em nova operação hidroviária para escoamento de grãos
A MRS Logística anunciou a criação da MRS Hidrovias, marcando sua entrada no modal hidroviário, com investimento de R$ 1,5 bilhão faseado ao longo dos próximos anos. A operadora da Malha Sudeste, que atua em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, aumenta sua atuação além da ferrovia com foco no transporte multimodal de cargas.
O projeto prevê a construção de dois terminais: um Terminal Hidrorodoviário em São Simão (GO) e um Terminal Multimodal em Pederneiras (SP), preparado para movimentar cargas via hidrovia, ferrovia e rodovia.
A nova operação utilizará a Hidrovia Tietê-Paraná, rota considerada fundamental para o escoamento de grãos como soja, farelo de soja, milho e celulose do Centro-Oeste, especialmente de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Os terminais terão capacidade inicial para movimentar 2,3 milhões de toneladas por ano, com potencial de expansão para 4 milhões de toneladas anuais. A previsão é que ambas as unidades iniciem operações no primeiro trimestre de 2027.
O corredor São Simão-Pederneiras fortalecerá a conectividade logística entre o interior do Brasil e o Porto de Santos. Em Pederneiras, a carga será transferida para a malha ferroviária da Rumo, que segue para o litoral paulista e se conecta, em Jundiaí, à ferrovia da MRS até Santos.
A decisão coincide com a aceleração das obras de derrocamento em Nova Avanhandava, na Tietê-Paraná, que tem despertado interesse crescente de empresas para investir em terminais intermodais e explorar o potencial do transporte hidroviário. A MRS tem como principais acionistas Vale, CSN e Gerdau.
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