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BRICS: a realidade por trás das tensões diplomáticas com os EUA
Ameaça de Trump sobre moeda do BRICS esbarra em cronologia de 15 anos de desenvolvimento gradual.

Em manifestação através de sua conta no Truth Social, Trump advertiu que qualquer tentativa de criar uma moeda alternativa ao dólar resultará em imposições tarifárias de 100% sobre produtos exportados para os Estados Unidos.
As exportações brasileiras para os países do BRICS cresceram 6,5% até setembro de 2024, atingindo um volume superior às vendas combinadas para Estados Unidos e União Europeia, que registraram aumento de 5,8% no mesmo período.
2009: Exportações para EUA e UE somavam US$ 45 bilhões vs US$ 27,3 bilhões para BRICS;
2018: Inversão da curva comercial favorecendo os BRICS;
2023: US$ 123 bilhões em exportações para BRICS vs US$ 83,2 bilhões para EUA e UE.
🏛️ Trump e a “bomba dólar”
Uma das propostas mais ousadas dos BRICS é a desdolarização — não utilizar mais o dólar como moeda de troca no comércio exterior, tampouco como reserva principal.
Trump, no entanto, ameaça boicotar quem ouse abandonar o dólar.
Os Estados Unidos, ao ter sua moeda como referência internacional, gozam do chamado "privilégio exorbitante".
Eles são capazes de obter dívidas e emitir moeda como nenhum outro país consegue e, dessa forma, promover seus gastos militares exorbitantes mundo afora.
E não para por aí — isso lhes dá o poder de privar os outros de dólares, através de embargos, sanções e ataques especulativos — causando crises de abastecimento e desvalorização da moeda local.
Cuba, Irã, Venezuela, Síria e Rússia são alguns dos países embargados.
A Rússia, porém, vem mostrando os limites da "bomba dólar"
Apesar das sanções, o país de Putin tem se virado sem o dólar, atuando por fora do aparato financeiro de Wall Street. A aposta no rublo e em canais próprios de transferência mostra-se um trunfo militar dos russos.
Outros países, vendo o exemplo russo, unem-se para reduzir ou se livrar da dependência do dólar.
Se conseguirem, será um golpe violento no coração da economia estadunidense.
🌏 15 anos de BRICS: entre retórica política e avanços concretos
Cronologia revela que preocupação americana com moeda comum é apenas uma intimidação apressada.
De acordo com o arquivo "Como o Euro Surgiu - A nossa moeda", publicado pela própria União Europeia (UE), foram 10 anos apenas de preparação (1992) até a emissão oficial da moeda que começou inicialmente apenas entre países.
Lembrando que isso só foi possível pois a UE teve um longo caminho que começou em 1951, quando ainda se chamava Comunidade Europeia do Carvão e do Aço.
Contexto dos BRICS:
A análise cronológica demonstra que os pronunciamentos de Trump sobre a moeda dos BRICS é um discurso populista:
Em 2009: Primeira reunião formal dos BRICS
Em 2014: Criação do Banco dos BRICS
Em 2023: Primeira discussão séria sobre moeda comum
Em 2024: Ainda em fase inicial de estudos de viabilidade
Considerando que após 15 anos de existência o bloco ainda está em fase preliminar de discussões monetárias, o posicionamento dos EUA parece prematuro e mais próximo de uma retórica política do que de uma realidade econômica concreta.
Na verdade, dado o ritmo atual dos acontecimentos, é provável que o próximo presidente dos EUA nem mesmo esteja vivo para assistir a eventual implementação da moeda.
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