EUA: importadores querem adiar tarifas do café

Governo definirá juro do pacote anti-tarifaço; EUA ameaça retaliar países que apoiarem o plano de emissões líquidas zero na OMI; Houthis miram controle de rotas marítimas.

Importadores de café dos EUA pedem adiamento das tarifas sobre café brasileiro

Alguns importadores americanos estão solicitando ao seu governo o adiamento das tarifas sobre as importações de café brasileiro, de acordo com informações compartilhadas pelo Cecafé.

A indústria cafeeira dos EUA aguarda o desfecho das negociações tarifárias e, por enquanto, está em um momento de espera. Segundo o setor, os estoques atuais são suficientes para manter o abastecimento por 30 a 60 dias, o que oferece uma margem de espaço para seguir com as negociações.

Contudo, o presidente da Cecafé, Marcio Ferreira, relata que esse atraso nos embarques para os EUA afeta diretamente os exportadores que usam adiantamentos em contratos de câmbio, ou ACCs, um tipo de instrumento usado para financiamento pré-embarque.

Com o atraso nos embarques, os exportadores não cumprem os prazos da ACC e começam a sofrer com taxas de juros mais altas, comissões altas e custos adicionais. Segundo Ferreira, um adiamento da exportação de setembro para dezembro causaria uma perda adicional de US$ 10 por saca.

🚢 EUA ameaçam retaliar países-membros da OMI que apoiarem o plano de emissões líquidas zero

O governo Trump rejeitou novamente a proposta de emissões líquidas zero da Organização Marítima Internacional (OMI), que busca reduzir os gases de efeito estufa (GEE) do setor marítimo.

O país também anunciou que irá retaliar os membros da organização que não adotarem a posição americana.

O anúncio foi feito através de uma declaração conjunta pelo Secretário de Estado, Marco Rubio; do Secretário de Comércio, Howard Lutnick; do Secretário de Energia, Chris Wright; e do Secretário de Transportes, Sean Duffy. A divulgação antecede a votação da IMO, marcada para outubro, sobre a adoção da proposta de emissões líquidas zero até 2050.

  • Em abril, os EUA já haviam se retirado das negociações sobre a estrutura de emissões líquidas zero, e pediram que outros que reconsiderassem seu apoio a ela.

Contudo, os estados-membros da OMI concordaram com o novo planejamento através de uma votação simples: 63 países, incluindo China, Brasil e países da UE, votaram a favor, enquanto apenas 16, lideradas por países extratores de petróleo como Arábia Saudita e Emirádos Árabes, votaram contra.

A recusa dos EUA em apoiar o novo marco regulatório de emissões da IMO não deve impedir sua implementação, segundo a BIMCO, mas tende a dificultar a aplicação das regras.

Mesmo com reservas americanas, navios de bandeiras estrangeiras continuam obrigados a cumprir as normas se operarem internacionalmente, e os próprios navios dos EUA também estarão sujeitos às regras ao entrarem em outros portos.

No entanto, a ausência de clareza e consenso pode afetar decisões de investimento em combustíveis e tecnologias de baixo carbono, ampliando a incerteza para armadores, como alerta a SSY, que observa paralisação nos pedidos de novos navios por falta de regras estáveis e inseguranças no setor.

Para alguns analistas, como o economista Rico Luman do ING, a posição dos EUA representa um golpe, pois pode estimular outros países a também resistirem, temendo retaliações americanas, o que comprometeria a adoção final do pacote.

A sessão de outubro da IMO será decisiva: um fracasso pode comprometer as metas climáticas para 2030 e 2050, segundo ONGs ambientais e a International Chamber of Shipping.

As embarcações oceânicas transportam cerca de 80% do comércio mundial e são responsáveis por cerca de 3% das emissões mundiais de dióxido de carbono. O setor está sob pressão de ambientalistas e investidores para implementar medidas climáticas mais concretas, incluindo um imposto sobre o carbono.

👀 Governo definirá juro a ser cobrado em plano anti-tarifaço no CMN

O nível do juro a ser cobrado aos exportadores brasileiros que recorrerem a linhas de crédito subsidiadas será definido até a próxima semana, em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional).

Haverá condições diferenciadas para empresas mais e menos afetadas pelo tarifaço, com critérios de elegibilidade e priorização. Segundo o governo, em ambos os casos, as condições financeiras dessa linha serão melhores do que as encontradas com ‘funding’ de mercado.

🧐 Houthis querem assumir o controle do tráfego marítimo com serviço de “Trânsito Seguro”

O Centro de Coordenação de Operações Humanitárias (HOCC), administrado pelos houthis, lançou um novo conjunto de Perguntas Frequentes (FAQs) garantindo passagem segura para embarcações que transitam pelo Golfo de Áden, BAB el Mandeb, o Mar Arábico e o Mar vermelho, desde que não estejam relacionados às “entidades sancionadas”.

  • A HOCC quer encorajar empresas a apresentarem um pedido de passagem segura gratuito para seus navios, alegando que estão operando dentro dos parâmetros da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).

Especialistas em segurança marítima apontam que o serviço não deve ser considerado como um substituto para avaliações de riscos tradicionais, segundo eles, embora o serviço tenha sido apresentado como uma plataforma informativa ou consultiva projetada para ajudar a indústria marítima, é mais provável que seja um movimento estratégico destinado a legitimar a autoridade dos houthis sobre as águas iemenitas.

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