Gargalos em Santos: solução vem pelos trilhos?

Saída da Maersk do serviço New Brazex altera rotas na costa leste da América Latina; porto nos EUA paralisa após queda de contêineres e transportadora reduz acidentes digitalizando caminhões

🚂 Operadora ferroviária promete destravar logística do Porto de Santos

Nesta quarta-feira (10), durante a realização do seminário “Logística verde para impulsionar um país mais competitivo e descarbonizado”, a vice-presidente da operadora ferroviária Rumo, Natalia Marcassa, afirmou que uma nova parceria da empresa promete destravar a logística interna do Porto de Santos (SP), aliviando os gargalos que prejudicam as exportações do Brasil.

Segundo a executiva, há mais de 100 km de ferrovia dentro do Porto de Santos que, ao ser renovada, poderá melhorar e agilizar o escoamento das exportações, aumentando a capacidade do terminal para operar grãos e minérios.

O Porto de Santos, responsável por quase 30% do comércio exterior brasileiro, fica sobrecarregado durante as safras agrícolas e em períodos de aumento das importações, quando a infraestrutura disponível não dá conta da demanda. Isso resulta em filas de caminhões, congestionamentos nos acessos e atrasos nas operações.

Grande parte desse gargalo está ligada à dependência do transporte rodoviário. Embora o modal ferroviário tenha avançado, cerca de dois terços das cargas utilizam caminhões para chegar ao porto.

Para Natália, as ferrovias são vistas como peça-chave para aliviar a pressão sobre o porto.

Faltam pátios de triagem, terminais intermodais e maior integração entre as concessionárias e os operadores portuários para que o modal ferroviário possa cumprir plenamente seu papel de reduzir a sobrecarga e aumentar a competitividade logística brasileira, segundo a vice-presidente.

Brasil precisa diversificar o uso de ferrovias

Para o ministro dos Transportes, George Santoro, o Brasil precisa “mudar o perfil” dos transportes de carga em ferrovias e deixar de focar na logística de minério de ferro, celulose, açúcar, combustível e grãos. 

  • Esses cinco elementos ocupam cerca de 90% da carga transportada no modal.

A matriz ferroviária brasileira foi estruturada para atender ao transporte de commodities, como minérios e produtos agrícolas, visando à exportação. Essa configuração reflete um modelo econômico primário-exportador, no qual a infraestrutura foi desenvolvida para escoar grandes volumes de carga de baixo valor agregado.

Como consequência, o transporte de bens industrializados e de maior valor agregado ficou predominantemente sob responsabilidade do modal rodoviário.

Essa realidade, segundo Santoro, limita a diversificação do uso das ferrovias e representa um desafio para a modernização e expansão da capacidade do setor ferroviário brasileiro.

🛳️ Maersk encerrará sua participação no serviço "New Brazex"

A Maersk anunciou que encerrará sua participação no serviço “New Brazex”, responsável por conectar portos sul-americanos ao Caribe, ao Golfo do México e aos Estados Unidos.

As últimas viagens ocorrerão nas seguintes datas:

  • Último itinerário para o sul: M/V “CMA Berlioz 540S” (ou substituto), com partida do porto de Veracruz em 2 de outubro de 2025.

  • Último itinerário no sentido norte: M/V “CMA Berlioz 544N” (ou substituto), com partida do porto de Paranaguá em 1º de novembro de 2025.

Em relação à carga transportada nesse serviço, a Maersk explicou que:

  •  As cargas de importação de Salvador (BA) serão movimentadas pelo serviço "Suape", enquanto as de exportação serão interligadas ao serviço "UCLA" por meio de sua malha de cabotagem.

  • A carga restante será realocada para os serviços da UCLA e/ou Gulfex.

Modificação do serviço 'ASAS2'

A Maersk também anunciou o cancelamento de duas rotas em seu serviço "ASAS2", que conecta o Extremo Oriente à Costa Leste da América Latina, em resposta à demanda flutuante e às próximas celebrações da Golden Week na China.

Os ajustes correspondem aos itinerários:

  • 541W (sentido oeste): M/V “Maersk Freeport”, com partida de Xangai, programado para 8 de outubro de 2025.

  • V547E (sentido leste): M/V “Maersk Freeport”, com partida de Santos, previsto para 17 de novembro de 2025.

🚛 Tecnologia em caminhões reduz acidentes e consumo de combustível

Uma transportadora especializada no escoamento de cana-de-açúcar registrou uma redução expressiva nas ocorrências de fadiga de motoristas e no consumo de combustível, após digitalizar sua frota de aproximadamente 645 veículos.

Dados da companhia indicam uma redução de 300% nos episódios de fadiga, 80% nas ocorrências de tombamento e de 15% no consumo de combustível em um ano de operação com as novas tecnologias.

A transportadora adotou ferramentas de monitoramento em tempo real do comportamento dos motoristas, sistemas de alerta de fadiga e distração, além de relatórios de risco.

O processo de digitalização incluiu a instalação de cinco câmeras em cada veículo e a integração com dispositivos interativos na cabine.

A telemetria foi um dos recursos adotados pela empresa. Ela permite acompanhar, em tempo real, o interior e o exterior dos caminhões, identificar situações de risco, monitorar o desempenho dos condutores e avaliar a condição dos veículos.

Os dados gerados auxiliaram na definição de estratégias de manutenção preventiva e na redução de gastos desnecessários com combustível.

🏗️ Queda de contêineres interrompe operações em porto dos EUA

O Porto de Long Beach, um dos principais pontos de entrada de mercadorias nos EUA, teve suas operações temporariamente suspensas nesta terça-feira (9), após um incidente que levou à queda de cerca de 70 contêineres no oceano.

Um porta-voz do Porto, Art Marroquin, informou que o acidente aconteceu enquanto o navio Mississippi estava atracado no Terminal G, pouco antes das 9h, quando os recipientes “misteriosamente” caíram ao mar.

Um helicóptero da Guarda Costeira sobrevoou a área para monitorar a dispersão dos contêineres e coordenar as operações de resgate. Em paralelo, a tripulação utilizou mangueiras de alta pressão para impedir que os contêineres se afastassem mar adentro.

A Guarda Costeira também determinou uma zona de segurança de 457 metros em torno do Mississippi e produziu transmissões de segurança a cada hora, alertando os navios próximos sobre os potenciais riscos.

Ainda não há informações sobre o conteúdo exato dos contêineres, mas objetos como roupas, sapatos, móveis e eletrônicos foram avistados se espalhando na superfície da água.

Marroquin emitiu um relatório ao final do dia, afirmando que o número de contêineres que caíram na água e na terra era 67. Ele classificou o conteúdo dos contêineres como “carga geral”.

As autoridades portuárias iniciaram uma investigação para esclarecer o ocorrido, mas até o momento não divulgaram mais informações.

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