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Mar em risco: ataques digitais disparam
Entenda o porquê de o transporte marítimo ser um dos principais alvos. Inteligência artificial na RFB, incentivos à economia digital e decisões sobre juros no Brasil e nos EUA marcam as notícias do dia para o comércio exterior
🥺 Crescem os ataques cibernéticos contra o setor marítimo, entenda

O setor marítimo está na linha de frente de uma onda crescente de ataques cibernéticos, com prejuízos cada vez maiores. Empresas de navegação e operadores portuários estão entre os alvos preferenciais de grupos criminosos, especialmente organizações nigerianas envolvidas em fraudes sofisticadas, como o golpe do "homem-no-meio", que manipula comunicações corporativas para desviar fundos ou sequestrar sistemas.
Segundo o escritório HFW, especializado em direito marítimo, o custo médio de um ataque cibernético dobrou entre 2022 e 2023, atingindo US$ 550 mil. Quando o resgate é inevitável, ou seja, quando os especialistas em segurança cibernética não conseguem remover facilmente os hackers, o valor pode ultrapassar US$ 3,2 milhões.
Cerca de 80% do comércio internacional depende do transporte marítimo, e qualquer paralisação impacta diretamente os custos logísticos e a capacidade de entrega. Isso tem tornado a indústria marítima um alvo principal para ataques cibernéticos, tanto de gangues criminosas quanto de países hostis.
Dados da Universidade NHL Stenden, na Holanda, mostram que os incidentes cibernéticos no setor subiram de 10 casos em 2021 para ao menos 64 em 2024.
A crescente digitalização da frota, motivada por novas tecnologias de comunicação como o Starlink, tem aumentado as brechas de segurança. Navios modernos estão mais conectados, mas a maioria da frota mundial tem idade média de 22 anos, dificultando atualizações frequentes de sistemas.
Sensores que monitoram emissões e navegação via GPS também passaram a ser pontos vulneráveis. Em um caso recente, o navio MSC Antonia encalhou no Mar Vermelho, sob suspeita de ataque por "GPS spoofing", que envia coordenadas falsas ao sistema de navegação.
Proteger contra o bloqueio e a falsificação de GPS é difícil e caro, mas a tecnologia "anti-jam" já existe e está disponível.
Em resposta, o setor vem adotando medidas mais rígidas. Desde 2021, a IMO (Organização Marítima Internacional) exige que os sistemas de gestão de segurança dos navios incorporem protocolos específicos de cibersegurança. A expectativa é que a conscientização crescente ajude a conter os riscos, embora especialistas alertem que a ameaça continuará a evoluir.
FUPdate
🤖 Você sabe há quanto tempo a RFB usa IA?
Todos os dias, mais de 2 bilhões de mensagens são enviadas ao ChatGPT, e o Brasil ocupa a terceira posição no ranking de interações, com aproximadamente 140 milhões de envios.
E isso provavelmente não te causa surpresas, principalmente se você usa o LinkedIn...
Um estudo da Originality.AI, baseado em análises no LinkedIn, estimou que mais de 50% das publicações longas (com 100 ou mais palavras) na plataforma são provavelmente geradas com o auxílio de inteligência artificial.
O uso de IA para criação de conteúdo teve um aumento de aproximadamente 189% apenas entre janeiro e fevereiro de 2023, crescimento impulsionado principalmente pelo lançamento do ChatGPT no final de 2022.
O que pode surpreender, no entanto, é que a Receita Federal do Brasil (RFB) já utiliza IA há uma década. Desde 2015, com a implementação nacional do SISAM (Sistema de Seleção Aduaneira por Aprendizado de Máquina), a primeira IA de uso generalizado passou a operar na aduana brasileira.
O que o SISAM faz?
O SISAM calcula a probabilidade de erros comuns no despacho aduaneiro, como classificação fiscal (NCM), origem da mercadoria, acordos internacionais, licenciamento e diferenças de alíquotas. O sistema estima o potencial de retorno de cada verificação, permitindo que o trabalho do Auditor Fiscal seja priorizado com base no impacto tributário e administrativo. Além de identificar onde o erro provavelmente está localizado dentro da Declaração, a ferramenta sugere os valores e códigos corretos.
Linguagem Natural e Interface
Um dos diferenciais do SISAM é sua capacidade de se expressar em linguagem natural. Ele justifica suas suspeitas, ajustando o tom de acordo com a força das evidências e fazendo referência ao histórico do importador, do fabricante e à descrição da mercadoria.
As informações são apresentadas ao Auditor Fiscal dentro do sistema ANiiTA, por meio de uma planilha interativa que detalha a expectativa de retorno ou perda, as probabilidades de erro (NCM, origem, licenciamento) e as estimativas relacionadas às diferenças de tributos como II, IPI, PIS e COFINS, além de avaliar a possibilidade de direitos antidumping. A visualização utiliza cores e ordenação para facilitar a priorização das análises.
Envie isso para alguém que está sugerindo um NCM com base na alíquota. :)
Base de Treinamento
O aprendizado do SISAM é alimentado pelo vasto histórico do Siscomex desde 1997. O sistema compara as versões registradas das declarações com as versões desembaraçadas ou retificadas para identificar as alterações e, a partir delas, inferir o erro original.
Em sua avaliação inicial, a base de treinamento incluiu cerca de 98,8 milhões de itens de mercadorias, provenientes de 27,9 milhões de adições em 5,5 milhões de Declarações de Importação. Inclusive, tudo isso foi pensado para impedir que os importadores consigam prever o comportamento do sistema e tentar, de algum modo, enganá-lo.
A conclusão é simples: não é questão de SE a RFB vai ou não descobrir, ela vai, só não se sabe exatamente QUANDO.
👉 O FUPdate nasceu para compartilhar, semanalmente, novidades e tendências de tecnologia que podem fazer a diferença no dia a dia de quem atua com comércio exterior.
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💻 MP cria o Redata, que estimula datacenters e impulsiona economia digital no Brasil
O governo federal assinou, nesta quarta-feira (17), uma MP que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter no Brasil, o Redata. O programa faz parte da Política Nacional de Datacenters (PNDC), vinculada à Nova Indústria Brasil (NIB).
O objetivo é impulsionar o crescimento nacional da Indústria 4.0, em áreas tais como computação em nuvem, inteligência artificial, smart factories e Internet das Coisas, fortalecendo a capacidade brasileira de armazenagem, processamento e gestão de dados.
No Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA) 2026, o governo reservou R$ 5,2 bilhões para o Redata. A partir de 2027, o programa contará também com os benefícios da Reforma Tributária.
De acordo com estimativas da equipe econômica, a iniciativa pode gerar até R$ 2 trilhões em investimentos.
A Política Nacional de Datacenters terá seis eixos:
Desoneração do investimento (TIC): zera impostos federais sobre servidores, armazenamento, rede, refrigeração e outros equipamentos de datacenter. Resultado: reduz o custo inicial, viabiliza mais projetos e antecipa efeitos da Reforma Tributária.
Fortalecimento das cadeias de TICs: estimula o uso de componentes fabricados no Brasil ao isentar do imposto de importação apenas os que não têm similar nacional.
Sustentabilidade como regra: exige energia 100% renovável ou limpa, baixo consumo de água e carbono zero desde o início, com metas e comprovação. Resultado: datacenters mais limpos, eficientes e alinhados a padrões globais.
Fomento à inovação: empresas beneficiadas terão de aplicar 2% de seus investimentos em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (universidades, centros de pesquisa, startups).
Foco no mercado nacional (reserva de 10%): garante que pelo menos 10% da nova capacidade fique disponível para uso no Brasil. Resultado: serviços mais próximos do usuário, com menos latência, maior confiabilidade e custos mais baixos para empresas, governo e cidadãos.
Desconcentração regional: a medida estimula a desconcentração regional, reduzindo as contrapartidas para investimentos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas regiões, a política prevê a redução de 20% das obrigatoriedades acima.
Os benefícios previstos pelo Redata terão validade de até cinco anos, alinhando-se ao novo regime de transição tributária definido pela Reforma Tributária.
Datacenters são essenciais para cadeias logísticas modernas, para sistemas digitais aduaneiros, para comércio eletrônico, rastreamento e integração de dados. Incentivos, desonerações, exigências de sustentabilidade e requisitos de produção nacional impactam diretamente os custos, a produtividade e a soberania digital do setor.
💵 Dólar cai abaixo de R$ 5,28 no Brasil após decisão do Fed
O corte de juros anunciado pelo Federal Reserve gerou uma reação positiva no mercado. O dólar chegou a ser negociado abaixo dos R$ 5,28 na tarde desta quarta-feira.
O Fed cortou sua taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa entre 4% e 4,25%, como esperado pela maior parte do mercado, e indicou que aplicará mais duas reduções nos juros da mesma magnitude até o fim do ano.
Em reação, o dólar à vista marcou a menor cotação do pregão, de R$ 5,2762 às 15h09, logo após a decisão. Às 15h25, o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,18% aos R$ 5,3045.
O mesmo não ocorreu no Brasil…
Nesta quarta-feira (17), o Copom voltou a manter a taxa Selic em 15% ao ano, justificando que os riscos para a inflação seguem elevados, tanto no sentido de baixa quanto de alta.
Desse modo, a autoridade monetária avalia que essa incerteza exige cautela na condução da política monetária brasileira. O Comitê informou que seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por um período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
Não foi indicado quando o ciclo de corte será iniciado. Ao contrário, o Comitê reforçou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
Para a CNI, a manutenção dos juros básicos nesse patamar é “injustificada”
Também nesta quarta-feira (17), a CNI, por meio de nota, classificou a decisão do BC de manter a Selic em 15% ao ano como “injustificada” e afirmou que esse patamar “agrava o sufoco” do setor.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos, mas sim uma paralisia nos investimentos produtivos, com sequelas para toda a sociedade. O empresário pediu que o Copom inicie um ciclo de cortes na próxima reunião, marcada para 4 e 5 de novembro.
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