Navegando entre crise e inovação

Na edição de hoje: congestionamento portuário leva a prejuízos bilionários, BC divulga avanços no Drex e cresce demanda por navios alimentadores.

February 27, 2025

😵‍💫Brasil: sobrecarga nos portos de contêineres gera prejuízos bilionários

A infraestrutura dos portos brasileiros destinados ao transporte de contêineres enfrenta uma realidade de limitações estruturais, que se intensificou em 2024 e tem impactado diretamente a eficiência das operações portuárias.

Isso acaba resultando em atrasos no transporte de mercadorias, aumento dos custos logísticos e prejuízos bilionários para o setor.

Em 2024, das 5.663 operações de embarque que ocorreram, apenas 1.277 foram dentro do prazo previsto e outras 1.167 foram canceladas ou passaram pelo processo de omissão de escala - quando um navio que estava programado para parar em um porto pula essa escala e segue para outro, devido a congestionamentos.

A falta de investimentos estruturais e a crescente demanda por movimentação de cargas agravam a situação, comprometendo a competitividade do comércio exterior e gerando preocupações entre empresas e especialistas do setor.

Impacto direto na indústria do café

Ao realizar o fechamento de dezembro, o Cecafé foi surpreendido com a informação de que 1,8 milhão de sacas de café não embarcaram, esse é um montante equivalente a 5.800 contêineres ou cerca de US$555 milhões que deixaram de entrar no país em 2024.

Mas, segundo Ramon Cunha, especialista em Infraestrutura da CNI, essa não é uma realidade exclusiva da indústria do café, e sim de todos os setores que dependem de cointêiner para despachar seus produtos, como químicos, carnes congeladas, obras de madeira, açúcar e celulose.

Brasil opera muito além da capacidade ideal

Estudos internacionais indicam que os terminais devem operar com até 65% de sua capacidade total para garantir uma gestão eficiente, mas a realidade brasileira é outra, em dezembro essas foram as taxas de ocupação dos portos:

  • Porto de Santos: 76%

  • Brasil Terminal Portuário: 73%

  • Portonave: 78%

  • Itapoá: 91%

  • Terminal de Paranaguá: 81%

  • Multi-Rio: 94%

Recentemente, a Antaq e o MPor realizaram diversas reuniões para discutir a crise na infraestrutura portuária. Em nota conjunta, como medida, anunciaram leilões para áreas de contêineres e o lançamento do programa Navegue e Simples, visando agilizar a movimentação de cargas e desburocratizar novas outorgas.

Inicialmente, a prioridade é acelerar a autorização de TUPs (Terminais de Uso Privado) e, em seguida, reduzir o tempo de arrendamento dos terminais portuários para conseguir combater essa realidade atual.

📲 BC divulga relatório da 1ª fase do piloto Drex e inicia a 2ª etapa

O Banco central divulgou, nessa quarta feira, um relatório técnico sobre a primeira fase do Piloto Drex, a versão digital do real.

O relatório detalha as premissas utilizadas no desenvolvimento do Piloto Drex, o escopo dos testes realizados e a arquitetura adotada, incluindo as soluções de design avaliadas.

Com base nos resultados da primeira etapa, a segunda fase foi iniciada, visando avaliar o potencial da plataforma para novos casos de negócio sugeridos por representantes do mercado, além de outras características.

Segundo o BC, o Drex é um projeto institucional voltado para aumentar a segurança e a eficiência do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro e o avanço do projeto ocorrerá apenas com soluções que assegurem privacidade, proteção de dados e segurança das transações.

Os próximos passos dependerão dos resultados da segunda fase.

🚢 Setor marítimo registra alta na demanda de navios alimentadores

A atividade de afretamento de navios porta-contêineres está se concentrando nos feeder ships - navios alimentadores, embarcações menores que transportam contêineres entre portos regionais e grandes hubs marítimos, devido à redução da oferta nesse segmento.

Segundo a MB Shipbrokers, antiga Maersk Broker, houve um aquecimento no mercado na última semana, principalmente na demanda por embarcações de 2.500-2.800 TEUs.

A empresa também apontou que há consultas abertas para disponibilidade de tonelagem no primeiro semestre de 2025, indicando que novos contratos de afretamento podem surgir em breve. Com a oferta limitada de navios, a tendência é que o mercado se torne mais competitivo, favorecendo os proprietários de embarcações, que terão maior poder de precificação.

Embora os operadores tenham mostrado cautela para discutir contratos a partir do terceiro trimestre de 2025, a MB Shipbrokers observou um aumento gradual na atividade de fechamento de negócios para o segundo semestre.

Entre os contratos recentes, a Swire Shipping afretou o navio Songa Lioness (1.794 TEUs) da Songa Group por US$ 22.500/dia por dois anos. Já a CMA CGM contratou o Heinrich Ehler (1.421 TEUs), da Heinz Ehler KG, por €19.600/dia por um ano. Esses valores refletem a demanda crescente e a escassez de navios disponíveis, fortalecendo a posição dos armadores no mercado de afretamento.

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