Nióbio ou tarifas?

EUA sinalizam interesse em terras-raras brasileiras, soja argentina enfrenta problemas ao desembarcar na China enquanto o Brasil zera tarifas para setores industriais e abre diálogo comercial com o México.

Oi, sexta-feira… após enfrentar incertezas e debates sobre as taxas dos EUA ao Brasil, vamos dar uma pausa, renovar o ânimo e nos preparar para vencer os desafios do próximo ciclo no comércio exterior.

Mas antes da pausa, vamos seguir com a leitura do FUP para terminar a semana bem informados 😜

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♟️ EUA podem colocar terras-raras brasileiras na mesa de negociação

Faltando 7 dias para que entrem em vigor as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, os EUA sinalizaram interesse em um acordo comercial com o Brasil focado no acesso a minerais críticos e estratégicos, entre eles o nióbio e as terras-raras.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras-raras do mundo e vastas reservas de nióbio (na qual o país concentra 92% da produção mundial), lítio, grafite (maior reserva do mundo), níquel (terceira maior), cobre, cobalto e urânio.

Estudos apontam que os depósitos de terras-raras estariam concentrados na Bacia do Parnaíba, que abrange áreas do Maranhão, Piauí e Ceará. Também há Minaçu, em Goiás, que tem reservas de terras-raras em argila iônica e é a única região a produzir minerais estratégicos em escala comercial fora da Ásia.

Na quarta-feira (24), o encarregado de negócios da Embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, informou a respeito do interesse americano em reunião, realizada a pedido dele, com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

O presidente do instituto, Raul Jungmann, informou que negociações nesse sentido devem ser conduzidas pelo governo brasileiro, e não por empresários do setor.

  • Brasileiros nas redes sociais têm sugerido que o país considere usar o nióbio como arma para negociar o fim do tarifaço, ameaçando, por exemplo, restringir suas exportações.

O nióbio é o segundo mineral mais crítico para os EUA, que dependem 100% de importações para atender à demanda interna. Entre 2020 e 2023, cerca de 66% desse volume veio do Brasil, segundo o Serviço Geológico dos EUA.

Apesar da forte dependência, os EUA ocupam apenas o quarto lugar entre os destinos do nióbio brasileiro — com cerca de 7% do total exportado.

Ainda assim, para Hugo Sandim, professor da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, usar o nióbio como instrumento de retaliação, com uma eventual ameaça de suspensão de exportações, poderia ser uma aposta “equivocada”.

O professor argumenta que, dado o papel estratégico do nióbio para a defesa dos EUA, qualquer restrição por parte do Brasil poderia ser vista de forma negativa e piorar a tensão entre os dois países. Ele teme que, em resposta, os americanos adotem medidas retaliatórias, como restrições ou tarifas sobre a exportação de máquinas e equipamentos essenciais para a mineração, dos quais a maioria são importados de lá.

A Amcham Brasil e a U.S. Chamber of Commerce já teriam iniciado conversas sobre o tema em junho, ao apresentar aos governos dos dois países um plano conjunto de cooperação.

O documento propõe cinco frentes de atuação: criação de um plano estratégico, mapeamento geológico, financiamento de projetos, desenvolvimento tecnológico e ações voltadas à sustentabilidade e ao engajamento com as comunidades locais.

O plano também aponta que a demanda por lítio deve crescer 5x até 2040. A de grafite e níquel deve dobrar, enquanto a de cobalto e elementos de terras-raras deve crescer entre 50% e 60%. Já a procura por cobre tende a subir 30%.

O Brasil deveria usar nióbio como arma para negociar com Trump?

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🚫 China rejeita 300 mil toneladas de soja ‘argentina’, após análises apontarem origem americana

Em um novo capítulo das tensões comerciais internacionais, a China rejeitou um carregamento de 300 mil toneladas de soja argentina sob suspeita de fraude na certificação de origem, após testes portuários em Tianjin indicarem que os grãos seriam de origem americana.

  • A análise, que envolveu técnicas como identificação de resíduos de pesticidas, perfis isotópicos e DNA do solo, revelou inconsistências com os certificados de origem.

O episódio levantou suspeitas de tentativa de burlar tarifas impostas aos produtos dos EUA. E embora não haja evidências de envolvimento direto do governo argentino, expos fragilidades nos sistemas de rastreabilidade e controle de exportação do país.

Mais do que uma reação pontual, a situação demonstra o avanço dos mecanismos de controle da China, que importa mais de 100 milhões de toneladas de soja ao ano e tem reforçado a fiscalização sobre qualidade e rastreabilidade dos alimentos.

A rotina alfandegária chinesa hoje combina inteligência artificial, inspeções rigorosas e padrões técnicos elevados.

Analistas apontam que a falha em garantir a autenticidade da origem da soja pode ter consequências duradouras para a reputação da Argentina no mercado internacional. “O episódio coloca a Argentina em uma posição delicada, comprometendo sua imagem como fornecedor confiável de alimentos”, destacou um relatório da Fundación Andrés Bello, especializada em relações entre a China e a América Latina.

A capacidade de Pequim em identificar fraudes serve como um alerta para exportadores em todo o mundo. Para o Brasil, maior exportador de soja do planeta, o caso reforça a importância de manter padrões elevados de qualidade e rastreabilidade.

Enquanto o governo argentino ainda não se pronunciou oficialmente, exportadores locais buscam diálogo com autoridades chinesas para esclarecer o ocorrido.

👀 Alíquotas de importação são reduzidas a zero para seis códigos NCMs

O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior deliberou nesta quinta-feira (24), sobre temas envolvendo alterações tarifárias e medidas de defesa comercial.

Atendendo a pleitos e recomendações técnicas para proteção da indústria nacional contra o comércio desleal, o Gecex aprovou a prorrogação ou aplicação de direitos antidumping na importação de produtos originários da China, Índia e Taipé Chinês.

Entre os casos, estão produtos siderúrgicos, da indústria química e do setor de transformação.

O Gecex também aprovou reduções tarifárias para seis produtos, incluindo insumos voltados à indústria de alimentos, com alíquotas de importação zeradas.

Entre eles:

  • Fita de sublimação de tinta para aplicação em alta gama, composta por poliéster (PET); NCM 3920.69.00.

  • Lâmina de liga de alumínio (liga 3005), plana, de seção transversal maciça retangular, com pintura em ambas as faces, sem perfurações; NCM 7606.92.00;

  • Chapas de liga de alumínio, em bobinas. NCM 7606.12.90;

  • Fio composto por 100% de fibras naturais descontínuas de linho; NCM 5306.10.00.

  • Aparelhos eletrotérmicos de uso doméstico para preparação de bebidas, de cafés ou chás, em doses individuais. NCM 8516.71.00;

Leia a íntegra das deliberações do Gecex, aqui.

A decisão se estendeu a produtos dos setores de Bens de Capital, Telecomunicações e Informática, na modalidade Ex-tarifário, o que pode favorecer novos investimentos e a modernização do parque industrial brasileiro.

🤝 México e Brasil concordam em fortalecer laços

Nesta quinta-feira (24), Claudia Sheinbaun comentou sobre um encontro com o presidente brasileiro, no qual ficou acertado o fortalecimento das relações comerciais, além de uma maior cooperação científica e educacional entre os dois países.

  • Sheibaun afirma que o acordo não se trata de livre comércio, mas sim de um complemento entre as duas economias, com cooperação e colaboração.

A presidente mexicana destacou interesse nos setores farmacêutico, de medicamentos e de equipamentos médicos. Mencionou também a produção de etanol no Brasil, que, segundo ela, poderia beneficiar a indústria açucareira e as usinas de açúcar no México.

Um novo encontro foi agendado para o final de agosto no México, entre líderes empresariais dos dois países e o vice-presidente do Brasil.

“A ideia é nos reunirmos aqui com o Gabinete e com líderes empresariais mexicanos interessados em estabelecer acordos de comércio, colaboração, coordenação, cooperação e investimentos conjuntos, tanto no Brasil quanto no México.”

Claudia Sheinbaum - Presidente do México

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