Em ofensiva histórica, EUA taxam 126 países

Diversos países manifestaram possíveis retaliações, enquanto especialistas temem por uma recessão econômica mundial em consequência das novas tarifas de Trump.

👀 Trump taxa todos os países entre 10% e 50%

Em anúncio na Casa Branca, nesta quarta-feira, 2, o presidente dos EUA anunciou a nova política de taxação do país, com taxas entre 10 a 50% sobre todos os produtos importados pelos norte-americanos.

No total, 126 países foram taxados, com alíquotas que vão iniciar em 10% no dia 5 de abril e serão elevadas para alguns países a partir de 9 de abril. 

O governo americano também compartilhou uma lista de mercadorias que não terão as tarifas recíprocas aplicadas: artigos de cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira serrada.

Segundo um relatório divulgado pelo Federal Reserve (Fed), de Richmond, a nova política tarifária tem preocupado especialistas do setor, especialmente no setor de manufatura, onde mais de 30% das empresas classificaram as políticas comerciais e tarifárias como sua preocupação mais urgente.

De acordo com o Fed, as tarifas devem resultar em preços mais altos ao consumidor, superando ganhos de empregos gerados por setores protegidos. A mesma análise foi feita pelo economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, que categorizou as novas políticas como alto risco de recessão econômica.

😌 Brasil ganhou taxa mínima

Para o Brasil, Trump designou a tarifa mínima de 10%, mas alguns dos produtos mais vendidos aos norte-americanos - ferro, aço e semiacabados de aço - já possuem tarifas de 25% desde 12 de março.

Vale ressaltar que, de acordo com a publicação realizada pelo governo americano após o anúncio de Trump, as tarifas recíprocas não serão somadas às já existentes em circulação sobre o aço, ferro, alumínio e automóveis.

Em nota, o governo brasileiro lamentou a decisão tomada pelo governo norte-americano sobre as tarifas de 10% e as demais de 25%, pois segundo os dados divulgados pelo próprio governo americano o superávit comercial dos EUA com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos é expressivo - US$410 bilhões, e por si só vai contra a alegação de Trump de taxar por necessidade de reestabelecer o equilíbrio e a reciprocidade comercial.

Taxação divide opiniões

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também expressou preocupação, ela defende que o Brasil insista na negociação e ressalta que uma missão de empresários visitará os EUA na primeira quinzena de maio para se reunir com representantes da indústria e do governo americano, visando discutir agendas de facilitação de comércio e abertura de mercados.  

Segundo a CNI, a preocupação engloba o fato de que a cada R$1 bilhão exportado para os EUA, 24,3 mil empregos são criados, gerando R$531,8 milhões em massa salarial e R$3,6 bilhões em produção.

Já a Federação do Comércio, Bens, Serviço e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) acredita que apesar de ser lamentável em uma perspectiva mundial, deve beneficiar a inserção brasileira no mercado internacional, pois muitas nações terão mais dificuldades em levar seus produtos ao EUA.

A entidade acredita que esse é o momento ideal para o Brasil reforçar sua participação em mercados como Japão, China e União Europeia.

Lei da Reciprocidade deve ser sancionada até sexta-feira

O projeto de lei que autoriza o Brasil a adotar reciprocidade tarifária e ambiental no comércio com outros países deve ser sancionado até sexta-feira, 4. O texto foi aprovado pela Câmara na tarde da quarta-feira, 3, a agilidade de votação se deu ao fato do Planalto considerar a sanção do texto como prioridade.

🤬 Países se posicionam contra tarifas

Os produtos importados da China agora estarão sujeitos a uma tarifa de 54% para entrar nos EUA, impactando cerca de US$439 bilhões em produtos enviados pela China - a segunda maior fonte de importações dos EUA.

A tarifa também será aplicada, a partir do dia 2 de maio, em compras da China e de Hong Kong para os EUA, impactando sites como Shein, Temu e Aliexpress - antes isentos de taxação em compras até US$800.

Em resposta, o porta voz do Ministério do Comércio Chinês definiu a decisão como “bullyng unilateral” e informou que a China tomará medidas retaliatórias contra os EUA, em um anúncio realizado na manhã desta quinta-feira, 3.

A UE, que recebeu uma taxa de 20%, também se posicionou contra as novas medidas, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, as tarifas impactam todo o comércio mundial, afetando milhões de pessoas ao redor do mundo.

Segundo Von Der Leyen, um pacote tarifário sobre cerca de 26 bilhões de euros em produtos norte-americanos iniciará em abril, em resposta às tarifas sobre o aço e alumínio e sinalizou que vão preparar outras contramedidas para as novas taxas.

Além disso, ela ressalta o fato de que a UE é o maior mercado único do mundo, com mais de 450 milhões de consumidores, e na ausência de negociação, o bloco vai priorizar a diversificação do comércio europeu com outros parceiros - entre eles o Mercosul.

Taiwan, que recebeu uma tarifa de 32%, também se manifestou contrário aos planos tarifários, segundo o porta-voz do gabinete de Taiwan, Lee Hui-chih, as tarifas são altamente irracionais e não refletem a relação econômica e comercial entre as duas economias. Lee Hui-chih informou que sérias negociações serão feitas com os EUA.

Ao total, 14 países expressaram reações após o anúncio da Casa Branca, você encontra todas elas aqui.

📉 Bolsas afundam após tarifaço de Trump

Um dia após a ofensiva histórica lançada pelo governo americano, as principais Bolsas do mundo operavam com índices negativos nesta quinta-feira, 3.

As principais afetadas foram:

Paris -1,81%

Frankfurt -1,71%

Milão -1,46%

Madri -1,19%

Zurique -1,48%

Amsterdã -1,41%

Londres -1,19%

Tóquio -2,77%

Shenzen -1,40%

Hong Kong -1,69%

Xangai -0,24

Seul -0,76%

Nos EUA os principais índices de Wall Street despencaram em meio a temores de uma guerra comercial, o futuro do S&P500 caiu 3,47%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq100 teve queda de 3,87% seguido pelo futuro do Dow Jones que recuou 2,89%.

A Apple teve queda de 7,1% - devido à base de grande parte de sua fabricação ser feita na China. A Microsoft recuou 2,2% e a Nvidia 4,4%.

Segundo o diretor de pesquisa macroeconômica, Lombard Odier IM, as estimativas indicam um aumento da inflação de 3% no curto prazo, e um impacto negativo de -1,5% no crescimento mundial nos próximos 18 meses.

Diante de tantas incertezas, os investidores optam por valores refúgio como o ouro, que nesta quinta-feira, 3, alcançou a cotação recorde de US$3.167,84 a onça (31,1 gramas).

No mercado cambial, o dólar atingiu sua menor cotação desde outubro, com queda de 0,85%, a 1,0986 dólar por euro.

A escalada da tensão comercial se dá em um momento delicado para a economia mundial, com o FMI (Fundo Monetário Internacional) alertando, em seu último relatório, que guerras comerciais podem reduzir o crescimento econômico mundial nos próximos 2 anos.

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