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Seguro logístico em alerta
Efeito do tarifaço dos EUA põe o seguro logístico brasileiro em alerta, enquanto facilita o avanço da hegemonia da China. Peru e Indonésia firmam pacto e rotas do Ártico ganham novo player
Bianca Lelis & Jonas Vieira
12 de agosto de 2025
🤔 Tarifaço dos EUA pode afetar mercado de seguros logísticos no Brasil
A entrada em vigor das tarifas impostas pelos EUA contra produtos brasileiros, acendeu um alerta para o setor logístico. O Brasil pode sofrer impactos relevantes com a necessidade de redirecionar seus embarques para mercados alternativos.
A situação deve provocar reestruturações nas rotas comerciais, aumento nos custos operacionais e novas demandas para o setor de seguros.
Esse movimento tende a aumentar os custos logísticos, já que novas rotas, marítimas ou terrestres, podem ser mais longas, caras e complexas. Há também uma possível sobrecarga na infraestrutura portuária e de armazenagem, sobretudo para os exportadores de grãos, com mercadorias permanecendo mais tempo estocadas e circulando por canais com maior exposição a riscos.
O cenário pressiona todo sistema logístico, elevando tempo de armazenagem, custos de frete e riscos operacionais. Com isso, o impacto se estende nas cotações de seguros.
Fretes mais caros e estoques maiores significam maior exposição a riscos como roubo, incêndio, deterioração e avarias. Isso tende a elevar os prêmios de seguro e a exigir adaptações nas apólices vigentes.
Algumas seguradoras já consideram rever cláusulas contratuais, como limites máximos de indenização, franquias e coberturas voltadas para riscos políticos, embargos e mudanças de destino.
👀 Tarifaço pode aumentar a hegemonia comercial da China no mundo
O tarifaço de Trump caminha para aumentar a hegemonia comercial mundial atingida pela China em 2024. Desde o “Dia da Libertação”, em 2 de abril, a corrente comercial de bens norte-americana recuou, enquanto a presença chinesa no mercado cresceu.
No 1º semestre deste ano, a corrente comercial chinesa movimentou US$ 3,04 trilhões, um avanço de 1,7% ante o mesmo período do ano passado.
Já os EUA movimentaram US$ 2,92 trilhões, um crescimento de 10,2% em comparação aos 6 primeiros meses de 2024.
Contudo, analistas apontam que o comércio norte-americano teve uma taxa de crescimento maior em decorrência da aceleração de importações para contornar o tarifaço, mas agora encontra-se em ritmo de desaceleração. Em junho a corrente comercial dos EUA registrou seu menor valor, US$ 444,1 bilhões.
Já na China, houve o efeito contrário. Apesar do ritmo de crescimento ter sido inferior, o fluxo de comércio se manteve estável, e cresceu mais desde que o tarifaço norte-americano entrou em vigor.
Em 2000, o comércio dos Estados Unidos com outros países movimentava valor quatro vezes superior ao da China, e o país figurava como principal parceiro comercial da maior parte das nações da América Latina. Desde 2023, porém, a China assumiu essa posição e passou a liderar o comércio com a maioria dos países da região.
Em 2024, a China alcançou uma relevância comercial superior aos EUA, crescendo 7 vezes mais que os norte-americanos no comércio internacional.
No caso do Brasil, o comércio com o país norte-americano passou de US$ 29,2 bilhões em 2000 para US$ 92,0 bilhões em 2024, uma alta de 215,3% no período. O aumento foi muito maior com a China, saltando de US$ 2,8 bilhões para US$ 188,4 bilhões no mesmo período, atingindo um crescimento de 6.522%.
🤝 Peru e Indonésia assinam acordo comercial para fortalecer laços econômicos
O Peru e a Indonésia assinaram um Acordo de Parceria Econômica Integral (CEPA), visando um fortalecimento dos produtos peruanos no mercado asiático.
Estima-se que o acordo deve ter um impacto significativo nas exportações peruanas, principalmente em setores como agricultura, manufatura, produtos químicos, entre outros.
Entre os principais benefícios do acordo, está o fato de que 56% dos produtos exportados pelo Peru para Indonésia terão tarifas zeradas. Incluindo produtos importantes como cacau, mirtilos, abacates, café, mangas, zinco e outros.
Outros produtos terão um período de redução tarifária de 5, 7 e 10 anos, após isso, 86% dos produtos peruanos entrarão na Indonésia sem tarifas.
Em 2024, as exportações peruanas para a Indonésia totalizaram US$ 191 milhões, um aumento de 210% em relação a 2023. Isso se deve ao aumento das exportações agrícolas, especialmente cacau e seus derivados (74% do total exportado), além de tara, quinoa, chia, castanhas, uvas, entre outros.
A indonésia ocupou a 16ª posição no ranking de exportações do Brasil. Parceira dos Brics, é o país detentor da maior população do Sudeste Asiático e o quarto do mundo, destacando-se por sua economia em ascensão que já ocupa a oitava posição mundial.
Segundo dados da Apex Brasil, em 2023, as exportações brasileiras para a Indonésia somaram US$ 4,1 bilhões, com destaque para o setor agropecuário, que representou 93% dos produtos exportados no período.
Em 2024 os principais produtos exportados pelo Brasil para a Indonésia foram: farelo de soja, açúcares e melaços, algodão, celulose, tabaco, milho e café não torrado.
☃️ Coreia do Sul lançará programa piloto de transporte marítimo no Ártico
A Coreia do Sul se prepara para entrar na corrida pelo Ártico no próximo ano. O governo está preparando uma estratégia de longo prazo para essas rotas, que podem oferecer passagens comerciais mais curtas e eficientes entre a Ásia e a Europa.
O ministro Chun Jae-soo enfatizou a necessidade da Coreia do Sul se preparar para competir com Estados Unidos, Rússia e China, que já estão investindo pesadamente na região do Ártico.
Chun relatou que os EUA planejam adquirir 15 quebra-gelos, enquanto a Rússia pretende investir o total de US$ 28,1 bilhões até 2035. A China já navegou por essas rotas 35 vezes e está desenvolvendo sua própria iniciativa chamada “Rota da Seda Polar”.
Com essas informações, o ministro enfatizou a urgência de seu país agir rapidamente, citando um estudo que sugere que as rotas poderão ser navegáveis durante todo o ano já em 2027.
Em abril, o Follow-up do Comex publicou uma matéria sobre como o Ártico se tornou prioridade mundial e os desdobramentos na região. Você pode conferir neste link.
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