Tarifaço: não cultiva, não taxa

Café e manga podem escapar do tarifaço dos EUA; Trump mira a Índia; CMA CGM tenta negociar com a CK Hutchison e obras da Rota Bioceânica são retomadas no Paraguai.

🥭 Produtos não cultivados nos EUA, como café e manga, poderão ter tarifa zero

O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira (29), que produtos não produzidos localmente — como manga e café podem ter tarifa zero.

  • Segundo o secretário, Trump tomará suas decisões sobre as tarifas ainda nesta semana, mesmo que as negociações separadas com a China e a UE continuem.

75% dos produtos alimentícios importados pelos EUA em 2024 são alvos do tarifaço de Trump

De acordo com um estudo divulgado pela Tax Foundation, os cinco maiores exportadores de produtos alimentícios para os EUA, em ordem, são México, Canadá, UE, Brasil e China.

Juntos esses países somam 62% das importações de alimentos dos EUA. Com outros também atingidos, 75% do total será alvo de tarifas americanas.

Segundo o documento, assinado por Alex Durante, economista senior da Tax Foundation, e Rebecca Walker, o aumento das tarifas de importação de produtos alimentícios tende a pressionar a inflação norte-americana pelo fato de que a produção local não seria suficiente para abastecer o país.

Senador dos EUA pretende contestar ordem legal de Trump para taxar o Brasil

O senador norte-americano, Tim Kaine, pretende apresentar uma resolução contra a tarifa de 50% imposta por Trump aos produtos brasileiros. Ele aguarda o envio da justificativa legal da Casa Branca ao Congresso para agir.

Caso seja uma declaração de emergência, Kaine pretende contestá-la imediatamente, por não considerar uma emergência real. No entanto, só poderá agir após o envio formal da ordem ao Senado, o que ainda não ocorreu.

Processo contra Trump terá nova audiência ainda nesta semana

Os argumentos de um grupo de cinco pequenos empresários, que processou o governo Trump por suposto uso indevido da Lei de Emergência, serão ouvidos nesta quinta-feira pelo Tribunal de Apelações dos EUA — um tribunal voltado ao comércio internacional e posicionado uma instância abaixo da Suprema Corte.

O processo acusa o presidente de usar o estatuto para aplicar tarifas arbitrárias, declarando déficits comerciais como “emergência nacional”. A decisão final não deve sair agora, mas, se o tribunal aceitar o pedido, o regime tarifário de Trump — e até acordos recentes — pode ser colocado em risco.

É provável que a decisão vá à Suprema Corte, mas, caso ela não aceite julgar o caso, prevalecerá a decisão do tribunal de apelações.

🏗️ CMA CGM quer entrar na negociação dos portos da CK Hutchison

A gigante francesa CMA CGM confirmou que está de olho na potencial aquisição de terminais da CK Hutchison, depois que as negociações exclusivas com o consórcio liderado pela BlackRock expiraram no domingo.

O diretor financeiro da CMA CGM, Ramon Fernandez, afirmou que a empresa está acompanhando de perto as negociações e estão interessados em participar. Ele considera que a operação é muito importante para o setor, e muito importante para a empresa, que já está presente em 65 terminais ao redor do mundo.

Ck Hutchison, por sua vez, disse na segunda-feira que as discussões com o grupo original continuam e que pretende incluir um “grande investidor” da China, com fontes apontando para a COSCO, como participante. A COSCO também é parceira da CMA CGM na Ocean Alliance.

Se a CMA CGM conseguir adquirir parte do portfólio da Hutchison, ressaltará a crescente rivalidade entre as principais linhas de contêineres do mundoMSC, Maersk, COSCO e CMA CGM — para garantir o controle vertical em toda a cadeia de valor da logística, de navios e contêineres a terminais, armazéns e carga aérea.

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📲 Índia ultrapassa China como principal fornecedor de smartphones aos EUA

Pela primeira vez, a Índia se tornou o principal país de origem dos smartphones vendidos nos EUA, superando a China. O movimento marca um novo capítulo na reorganização das cadeias mundiais de produção, pressionadas pela guerra tarifária entre Washington e Pequim.

  • Segundo um levantamento feito pela Canalys, 44% dos smartphones importados pelos EUA no segundo trimestre de 2025 foram montados na Índia, uma alta expressiva em relação aos 13% do mesmo período em 2024.

  • A China, por sua vez, teve sua participação reduzida de 61% para 25% nos mesmos períodos analisados.

O avanço indiano foi impulsionado principalmente pela Apple, que passou a montar os modelos pro do iPhone 16 na Índia, e tem dedicado a maior parte de sua produção no país ao mercado americano. Ainda assim, segue dependente da infraestrutura chinesa para atender à demanda em larga escala.

Samsung e Motorola também aumentaram sua produção na Índia, embora em um ritmo menor. A Samsung ainda mantém maior parte da montagem no Vietnã, enquanto a Motorola segue com a base majoritária na China.

Apesar do avanço, a Índia ainda enfrenta gargalos logísticos. A maturidade da cadeia de suprimentos no país é inferior à da China, com menor eficiência produtiva, segundo especialistas.

Cenário poderá mudar novamente?

Trump anunciou nesta quarta-feira, por meio de sua rede social, que vai impor tarifas de 25% à Índia, além de uma 'penalidade' adicional, a partir de 1º de agosto. A justificativa é de que as políticas protecionistas adotadas pelo país ao longo dos anos prejudicaram o comércio com os EUA.

  • Trump também citou os laços com a Rússia como um dos motivos, alegando que o governo indiano sempre comprou a grande maioria de seus equipamentos militares da Rússia e são o maior comprador de energia da Rússia, juntamente com a China.

O presidente não especificou o que quis dizer com uma “penalidade” além da tarifa.

Apesar de não terem chego a um acordo, Nova Délhi já se ofereceu para cortar drasticamente suas tarifas sobre uma série de produtos dos EUA e assegurou a Washington que estava trabalhando para aliviar as barreiras não-tarifárias.

Na proposta, contudo, o governo indiano traçou uma linha vermelha nos setores de agricultura e laticínios, indicando que esses segmentos estão fora das negociações. Autoridades do país afirmaram ainda que não aceitarão a importação, pelos EUA, de produtos geneticamente modificados à base de soja ou milho.

A Índia está apostando neste acordo para impulsionar o comércio bilateral de US$ 190 bilhões para US$ 500 bilhões até 2030. A Índia desfruta de um superávit comercial de cerca de US$ 46 bilhões com os EUA.

🌉 Rota Bioceânica tem obras retomadas no Paraguai

A Rota Bioceânica — corredor rodoviário que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico — teve as obras retomadas no trecho paraguaio com investimento de US$ 354 milhões.

  • A nova rota promete reduzir o tempo de transporte de cargas até portos chinelos em até 20 dias, diminuindo os custos logísticos em até 30%.

A ligação principal para o Brasil é entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai), onde está sendo construída uma ponte de 1.294 metros sobre o Rio Paraguai, financiada pela Itaipu Binacional. A conclusão está prevista para o primeiro semestre de 2026.

O corredor terá cerca de 2.400km, atravessando quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A estrutura deve transformar a logística sul-americana, oferecendo ao Brasil uma nova alternativa comercial fora do Canal do Panamá.

Apesar dos avanços, o projeto também enfrenta desafios ambientais e sociais. O impacto em áreas sensíveis do Chaco paraguaio e em comunidades indígenas tem exigido acordos socioambientais específicos e medidas de monitoramento para garantir a sustentabilidade da iniciativa.

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