Tarifaço: EUA anuncia 90 dias de pausa nas tarifas

Válido para todos, menos a China; Guerra tarifária entre EUA e China impacta cadeia de suprimentos; Trump assina ordem para reerguer indústria naval americana

🖐️ Trump anuncia pausa de 90 dias em cobrança de tarifas — para quem não retaliou

Após reação negativa dos mercados e a crescente pressão dos grandes empresários, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas mais altas, reduzindo-as para 10% durante esse período.

A suspensão, no entanto, não inclui as tarifas sobre aço, automóveis nem altera a taxa aplicada ao Brasil, que permanece em 10%.

Em um primeiro momento, a Casa Branca alegou que a decisão foi influenciada pelo pedido de mais de 75 países que buscaram negociar com os EUA. Porém, posteriormente o presidente reconheceu que o colapso dos mercados influenciou a decisão, afirmando que “as pessoas estavam com medo” e que foi preciso ser flexível.

Trump também salientou que reconhece o fato de que algumas empresas foram mais afetadas e que pretende “olhar para isso” nos próximos dias.

Notícia delicada para o Brasil

Com a notícia, o Real ganhou força novamente, fechando em R$5,845 após superar a marca dos R$6 na quarta-feira, 9.

Segundo analistas, o alívio nas tensões com os impactos das tarifas e a recuperação do preço de commodities estão entre as bases que ajudaram a valorização do real.

Porém, além da taxa brasileira não ter sido revogada, ao colocar todos os países com o mesmo nível de taxação, desfez a ideia de que o Brasil poderia ocupar espaço de outros países com taxas mais altas.

Impactos e reações:

  • Mercado considerou a medida como tentativa de dividir os governos pelo mundo, impedindo a criação de uma união de países contra os EUA;

  • OMC alertou que a guerra comercial entre EUA e China pode reduzir o fluxo de bens entre as duas economias em 80%, colocando a economia mundial em risco de fragmentação;

  • Ainda segundo a OMC, uma divisão da economia mundial em dois polos poderia levar a uma redução do PIB real mundial em quase 7%.

👀Tarifas sobre a China devem impactar fluxos comerciais dos EUA

A guerra comercial entre China-EUA segue em ascensão, EUA elevou as tarifas sobre produtos chineses para 125% e a China retaliou com 84% sobre todas as importações americanas.

O impacto afetou diretamente as cadeias de suprimentos, com queda registrada de 67% nas reservas de contêineres para os EUA na última semana.

Agora, fornecedores tentam acelerar os embarques antes do fim da suspensão em 9 de julho, o que pode gerar gargalos logísticos.

Com a redução das taxas para todos, menos China, há uma sinalização de que os EUA estejam explorando acordos comerciais com bases de fabricação alternativas, um exemplo foi a negociação com o Vietnã para a remoção de barreiras não tarifárias.

Além disso, à medida que a China sinaliza não recuar, já é possível perceber mudanças nos padrões de compra de grãos e gás.

Em resposta às últimas tarifas dos EUA, China publica Livro Branco sobre relações econômicas e comerciais com os EUA

No documento com 18.300 palavras, o governo chinês expressa sua ideia de que o sucesso econômico dos dois países vem de oportunidades compartilhadas ao invés de ameaças mútuas.

Segundo a publicação, ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas entre os dois países, o volume de comércio saltou de menos de US$ 2,5 bilhões em 1979 para cerca de US$ 688,3 bilhões em 2024.

Volume que tem diminuído desde o início dos atritos comerciais em 2018, quando os EUA impuseram tarifas a produtos chineses no valor de mais de US$500 bilhões.

Por fim, o governo chinês acredita que os EUA ignora o fato de que tem se beneficiado significativamente do comércio internacional ao longo dos anos e que a China mantém sua posição de querer resolver as disputas por meio do diálogo e de negociações.

🛳️ Trump assina ordem para reerguer indústria naval e conter influência chinesa no setor

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva com foco na recuperação da indústria naval americana e na limitação da influência chinesa no setor. 

Com menos de 1% de participação no mercado mundial de construção naval, os EUA buscam tornar seus estaleiros competitivos por meio de financiamento federal, fortalecimento da base industrial e formação de mão de obra especializada.

A ordem também orienta:

  • Avaliação de tarifas sobre guindastes e equipamentos portuários que tenham origem, sejam operados ou contenham componentes de origem chinesa;

  • Implementação de taxas de manutenção portuária e o impedimento de que embarcadores driblem custos via portos no México e Canadá e depois transporte a carga por terra para os EUA;

  • Criação de um Fundo de Segurança Marítima com recursos provenientes de tarifas, multas, tributos ou receitas fiscais.

No entanto, ainda não há detalhes sobre como as tarifas adicionais sobre tonelagem chinesa serão aplicadas.

A medida foi elogiada pelo Shipbuilders Council of America como um passo estratégico para a segurança econômica e nacional.

Já a imprensa estatal chinesa criticou a iniciativa, apontando que a diferença entre os setores navais de China e EUA decorre da perda da infraestrutura industrial americana nas últimas décadas.

Número de Blank Sailings dispara com cenário de incertezas

As companhias de transporte marítimo registraram um aumento expressivo no número de cancelamentos de viagens, os chamados blank sailings, nas rotas comerciais mais movimentadas do mundo.

Entre as semanas 13 e 17 de 2025 (de 25 de março a 28 de abril), das 661 viagens originalmente programadas nas rotas Transpacífico, Transatlântico, Ásia–Norte da Europa e Mediterrâneo, 198 foram canceladas, representando um índice de cancelamento de 30%.

Esse número marca um aumento de 47% em relação ao mesmo período de 2024, quando 135 viagens foram suspensas.

A maior parte dos cancelamentos está concentrada nas rotas entre a Ásia e os Estados Unidos. Na rota da Ásia para a Costa Oeste dos EUA (USWC) foram registradas 95 viagens canceladas até agora em 2025, também superando as 82 viagens canceladas ao longo de todo o ano de 2022, segundo dados da consultoria Sea-Intelligence.

Já na rota da Ásia para a Costa Leste dos EUA (USEC), foram 85 cancelamentos até o momento.

Além do cenário de incertezas em torno das tarifas comerciais, há indícios de que as empresas de transporte marítimo estejam reduzindo a capacidade de oferta com a intenção de exercer pressão sobre o mercado durante o período de renegociação de contratos, que começa em 1º de maio.

Cancelar viagens estratégicas pode ajudar as transportadoras a sustentar propostas de aumento de tarifas de frete, mesmo diante de uma demanda que ainda não apresentou recuperação expressiva.

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