Trump taxa Brasil em 50%

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🤯 Trump envia carta ao Brasil

O presidente Donald Trump enviou uma carta ao governo brasileiro, nesta quarta-feira (9), anunciando que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50% a partir do dia 1º de agosto. 

A carta começa com a manifestação da insatisfação do presidente americano em relação ao processo judicial enfrentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, expõe uma série de preocupações que, segundo Trump, afetam diretamente os interesses econômicos americanos — entre elas, as decisões do STF sobre a atuação de empresas de tecnologia dos EUA no Brasil.

  • Em fevereiro, o STF determinou o bloqueio da plataforma Rumble no Brasil, após a empresa se recusar a remover conteúdos classificados como propagadores de discursos de ódio — classificados como material de viés nazista, racista, fascista e antidemocrático — além de não atender à exigência legal de designar um representante no país.

  • No ano passado, o STF também multou a rede social X, de Elon Musk, determinando a suspensão da plataforma no Brasil até o cumprimento integral das ordens judiciais, o pagamento das multas impostas e a nomeação de um representante legal no país.

O mercado brasileiro é um dos principais usuários das big techs de redes sociais. Em 2024, o país ficou em segundo lugar no ranking mundial de tempo médio online, com cerca de 9 horas e 13 minutos por dia.

Para o presidente americano, a postura do STF diante dessas plataformas gera receio de que esse modelo de regulação possa ser adotado por outros países.

Ele justifica sua decisão alegando que a relação comercial com o Brasil é injusta, em razão de barreiras tarifárias e não tarifárias impostas pelo governo brasileiro, que, segundo ele, resultaram em anos de “déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos”.

Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial mais importante do Brasil, atrás apenas da China. E, nesse cenário, ao contrário do afirmado na carta, o Brasil vem acumulando déficits sucessivos na balança com os norte-americanos desde 2009ou seja, há 16 anos.

  • Dados do ComexStat mostram que, em 2024, o déficit brasileiro com os EUA atingiu US$ 283 milhões. De janeiro a junho de 2025, a balança comercial segue deficitária para o Brasil com US$ 1.674 milhão.

A carta informa ainda que o presidente americano orientou o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a abrir uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 do Ato de Comércio.

O que isso significa?

A Seção 301 é um dispositivo da Lei de Comércio americana que permite o país investigar supostas práticas desleais de outras nações para aplicar retaliações.

A primeira vez que o Brasil foi alvo dessa investigação foi em 1977, e novamente em 1982, 1983, 1985, 1987, 1989, 1993, 1996 e por último em 2020 — 9 vezes ao total.

Embora tenha destacado questões políticas nos parágrafos iniciais, Trump encerra a carta afirmando que está disposto a reduzir tarifas, desde que o Brasil promova maior abertura comercial aos Estados Unidos, eliminando barreiras tarifárias e não tarifárias.

Também reforça a afirmação de que qualquer aumento de tarifas por parte do Brasil, terá aumento equivalente pelos EUA.

Leia a carta na íntegra aqui.

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🫣 Resposta do Governo Brasileiro

Após o anúncio de Trump, o Governo Brasileiro convocou uma reunião de emergência com ministros para discutir a resposta à medida. Ao fim do encontro, o presidente afirmou que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos será enfrentado com base na Lei de Reciprocidade Econômica.

  • A lei, aprovada em abril, autoriza o Governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.

A decisão ocorreu em resposta ao primeiro tarifaço anunciado por Trump, que impôs tarifas de 10% sobre produtos brasileiros. O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado, sem vetos, pelo presidente.

Em relação aos processos judiciais mencionados por Trump, o presidente brasileiro afirmou que eles são de competência da Justiça Nacional, e não estão sujeitos a qualquer tipo de ingerência externa ou ameaça que comprometa a independência das instituições do país.

😢 Setores mais afetados

A tarifa de 50% deve afetar setores-chave da indústria nacional, como carne bovina, café e suco de laranja.

Um levantamento realizado pela Amcham definiu os 10 principais produtos exportados para os EUA. São eles:

Óleos brutos de petróleo

Produtos semi-acabados de ferro ou aço

Aeronaves e suas partes

Café não torrado

Ferro-gusa e ferro-ligas

Óleos combustíveis de petróleo

Celulose

Equipamentos de engenharia civil

Sucos de frutas ou de vegetais

Carne bovina

Os norte-americanos também são o principal destino do café arábica brasileiro principal variedade consumida nos EUA — respondendo por cerca de 18% das exportações do produto.

Com três em cada quatro americanos consumindo café diariamente e produção doméstica insuficiente, a substituição do Brasil por fornecedores alternativos, como Colômbia ou países africanos, não deve ser suficiente para suprir a demanda interna. Nesse caso, os preços se elevariam e pressionariam a inflação local, segundo o CEO da SLC Agrícola, Aurélio Pavinatto.

A economista Myriã Bast, do Bradesco, estima que os setores mais impactados em valor absoluto serão: motores e máquinas não elétricas (US$ 6,2 bilhões), óleo combustível de petróleo (US$ 3,9 bilhões) e aeronaves (US$ 2 bilhões).

  • Bast alerta que uma interrupção nas exportações brasileiras também poderia gerar desvalorização cambial e aumento da inflação interna.

No setor de carnes, a dependência americana é relevante: o Brasil lidera as exportações de carne bovina para os EUA, que atravessam um momento de baixa no ciclo pecuário. Em abril, as exportações brasileiras do produto cresceram 500%, indicando o grau de exposição do mercado americano.

O suco de laranja também está na lista de produtos sensíveis. Em 2024, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas do produto para os EUA, gerando US$ 1,2 bilhão em receitas.

A Petrobras, por sua vez, está entre as empresas diretamente afetadas. Em 2024, os embarques de petróleo e combustíveis brasileiros para os EUA somaram US$ 7,6 bilhões, representando 18,8% das exportações brasileiras para aquele mercado.

Embora os volumes da estatal possam ser redirecionados, a consultoria StoneX aponta que, no curto prazo, poderá haver retração nas exportações, mas apenas até que novos compradores — especialmente asiáticos — ganhem espaço.

A avaliação é que os efeitos das tarifas atingirão não apenas exportadores brasileiros, mas também os consumidores americanos, que devem enfrentar aumento nos preços de alimentos e combustíveis, agravando o cenário inflacionário nos Estados Unidos e gerando repercussões no comércio internacional.

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